quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ilustre Gamão: de Charles Darwin à 007

Oi, o meu nome é Ettore Reginaldo Tedeschi e, além de empresário na área de mineração, sou um amante de gamão. Vamos conversar sobre o assunto?!

Como vimos no primeiro texto da série, "A trajetória do Gamão: a evolução dos jogos de tabuleiro", o gamão é um jogo de tabuleiro que já atravessa, nada mais, nada menos, do que 5 mil anos. Este que é um dos mais encantadores e tradicionais jogos da humanidade, já foi retratado em obras literárias e no cinema, ganhando uma série de ilustres adeptos por todo o mundo.

No livro "As Dúvidas do Sr. Darwin: Um retrato do criador da teoria da evolução", o escritor David Quammen relata que o cientista adotou o hábito de disputar partidas de gamão com a esposa Emma Darwin. Na publicação, ao fim da vida Darwin brincava com o suposto fato de ter vencido 2795 partidas contra 2490 vitórias de sua esposa.

A partir do século XVIII, o gamão foi relatado em obras de consagrados escritores. O primeiro deles foi o filósofo escocês David Hume. Segundo o escritor, toda especulação metafísica vai soar "fria, forçada e ridícula" se for debatida após um bom jantar e uma partida de gamão.
Em seguida foi a vez do poeta Nicolau Tolentino de Almeida que, em inúmeras obras, citou o jogo de gamão. O mais famoso deles é o poema "A Dois Velhos Jogando o Gamão", onde o escritor português narra uma partida entre dois idosos que acaba com um deles atirando o tabuleiro sobre o outro e, ao errar a tentativa, acaba acertando a melhor garrafa do estabelecimento.

Em "A partida de gamão", o escritor francês Prosper Mérimée, autor de Carmen, narra a história por um personagem contando que em uma partida, um jovem, trapaceia tirando os pontos 6 e 4 para conquistar a vitória, mas o ato provoca tristes consequências.

O escritor brasileiro Euclides da Cunha era um grande jogador de gamão, apesar do relato mais célebre sobre o assunto remete a uma de suas derrotas. Seu então vizinho e adversário do jogo, Júlio Bueno, relatou em um jornal de Minas Gerais que em certa ocasião, ao perceber que perderia o duelo, o escritor exigiu que as regras fossem alteradas.

No livro "A Curva do Calombo", o humorista Chico Anysio publicou a crônica "O Jogo de Gamão". No texto, o brasileiro descreve o ciúme de uma mãe por suas filhas e a forma escolhida para exercer o controle delas: jogando gamão, como na passagem: "Filha minha eu levo de rédea curta. No meu pasto, cavalo não come. (...) Venha jogar um gamão. Não há argumento. Chamou, tem que ir."



- O gamão no cinema e na TV - 


Em uma das cenas do filme “007 contra Octopussy”, James Bond vence o vilão Kamal Khan em uma partida de gamão, conquistado assim um Ovo Fabergé, outrora roubado por seu desafiante. Já no seriado Lost, John Locke usa uma partida de gamão como alegoria para explicar a dualidade das coisas e o confronto entre o bem e o mal, ao citar as cores das peças, para o seu desafiante Walt Lloyd.

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